domingo, 26 de fevereiro de 2012

Justiça

De todas as asneiras que são postadas no facebook uma tem me incomodado bastante: um infeliz postou que deveriam colocar o Lindemberg na cela do pai da Elóa para ser feita a justiça. Mas o pior é que várias pessoas curtiram e compartilharam tal idiotice.
Meu Deus, que mundo é esse?
Por acaso um justiceiro que mata por dinheiro vira um santo e pode matar em nome da justiça?
Vi todas as reportagens sobre o crime cometido por Lindemberg e como graduada em direito me sinto na obrigação de falar sobre este caso.
Como assim condenar essa pessoa a mais de noventa anos de prisão! Claro que ele deve ser condenado mas tenho plena convicção que a pena foi apenas para desmoralizar a advogada de Lindemberg. A condenação de um criminoso deve ser pautada em vários critérios descritos no artigo 59 do nosso Código Penal, dentre eles as circunstâncias do crime, conduta social do agente, personalidade do agente.
Se analisarmos as circunstâncias do crime fica clara a passionalidade do crime, que não é atenuante mas deveria ser ao menos pensada na condenação. Quanto a conduta social de Lindemberg nada foi falado de concreto e de sua personalidade menos ainda... Ora, não estou aqui para defender o ato do assassino confesso, mas acho que a condenação prévia pela mídia é um absurdo e temos casos bem mais graves, como a roubalheira de políticos corruptos que merecem ser condenados com o mesmo rigor que foi aplicado neste caso.
O juri popular em casos de grande repercussão na mídia deve ser reavaliado, uma vez que não existem condições para ser garantida a ampla defesa, garantia constitucional a todo cidadão.
Matar uma criança indefesa, sua própria filha, atirando ela do sexto andar de um prédio merece uma condenação de 31 anos... Crime é crime e deve ser punido com rigor até pelo caráter de prevenção e repressão da condenação, mas a meu ver a condenação no caso Eloá foi excessiva.
E mais, as pessoas fizeram vários comentários no facebook sobre o fato de que ninguém fica mais que trinta anos preso...ora bolas, alguém que comentou isso já ficou um dia na cadeia? Um dia ou trinta anos na cadeia deve ser horrível. Não é o tempo que se permanece na cadeia que faz diferença e sim o representa a prisão para quem é preso: mais uma prisão, chance de recuperação, punição.
Outro ponto que me incomoda muito é sobre a função do Ministério Público nas suas diversas atuações.Uma das coisas mais admiráveis que ouvi de um grande professor foi a respeito da função do promotor de justiça, ele explicava sobre a função de fiscal da justiça que cabe ao promotor. Sobre sua responsabilidade de garantir que a justiça seja feita, mesmo que essa justiça não agrade a sociedade.
Em casos de grande comoção nacional acho que a responsabilidade da promotoria é ainda maior, pois o risco de se cometer uma injustiça é ainda mais perigoso.
Sei que meus pensamentos não agrada a maioria das pessoas, mas vivemos em uma democracia e tenho pleno DIREITO de me expressar.
Espero que no caso de Lindemberg e nos demais casos seja feita a justiça sem exageros.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Bacharel em Direito!

Durante os cinco anos de curso por diversas vezes me vi perdida e confusa, mas a vontade de realizar o sonho de cursar uma faculdade me fez seguir em frente e enfim conquistar o tão sonhado diploma.
O curso de direito, sem sombra de dúvidas, é um curso maravilhoso que te traz uma nova percepção de Direito e de Justiça. Sou hoje uma pessoa convicta de que meus valores morais e éticos devem ser mantidos a qualquer custo e devo isso aos mestres que tive durante o curso.
Não que o curso te faz uma pessoa melhor se você tem qualquer desvio de conduta, mas para quem, em algum momento, duvida que ser correto possa fazer diferença num mundo tão hipócrita, traz a segurança de que se manter na conduta correta é sua obrigação enquanto cidadão conhecedor da história da conquistas dos direitos pela humanidade.
Foram vários os momentos em que realmente achava que não me identificaria com a profissão de advogada, mas hoje percebo que não preciso ser advogada e mereço comemorar essa conquista, mesmo que não venha a atuar como advogada.
Estou naquele momento pós formatura e pré OAB onde você , em diversos momentos, duvida de seu conhecimento e pensa: porque não fiz psicologia ou algo parecido?
Certo é que sou bacharel em direito com todo o mérito!
Batalhei muito para realizar este sonho e sei de toda minha capacidade de fazer diferença enquanto profissional do direito.
Não serei apenas mais uma advogada e sim serei uma grande advogada, sem alterar minha índole e meu caráter, plenamente consciente de minhas responsabilidades de cidadã.
Nào poderia deixar de explicar essa minha dúvida de ser ou não ser advogada: é que nesse meio existe tanta gente arrogante, que se acha melhor que os outros que me pergunto se consigo viver nesse mundo. Sem falar na injustiças cometidas em nome da justiça (confuso isso, né) mas a verdade é que se comete muita injustiça no judiciário e, ainda hoje, e cada vez mais impera a lei do mais forte e poderoso economicamente em detrimento dos mais fracos.
Mas tudo bem, ainda tenho tempo de decidir. agora quero mais é comemorar...ir ao baile e dançar a noite toda porque eu mereço!

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Amor...

Há alguns dias atrás no metrô vi uma cena linda que me fez viajar pelo tempo.
Antes de narrar a cena devo mencionar que tenho o hábito de ver as pessoas e tentar enxergar através delas...tentar descobrir o que o olhar, a postura e o jeito de cada pessoa se comportar diz sobre sua vida, sua personalidade. Depois de ler um livro que meu amigo Luciano Messias me indicou sobre comportamento humano - que agora nào lembro o nome - percebi que nào é totalmente insana essa minha mania. Parece loucura mas isso me faz muito bem e as vezes me faz repensar minha vida.
Vi um casal grávido. Muito jovem. Muito pobre. Mas com uma esperança imensa no olhar.
A màe me passava uma timidez e fragilidade, mas acariciava sua barriga com uma esperança de que aquele ser que ela carregava no ventre era a soluçào pra todos os seus medos.
Já o pai trazia um sorriso tímido mas forte, protegendo a frágil esposa e sua cria. Mostrava ao mesmo tempo uma fragilidade e uma força inexplicável, um orgulho lindo de ver.
Me emocionei muito e fiz uma viagem ao meu passado, quando eu, com apenas 18 anos estava esperando meu primeiro filho, hoje um homem feito.Era assim que eu me sentia frágil, assustada, mas ao mesmo tempo forte e com uma esperança de que toda minha vida se resolveria com o nascimento do meu filhinho.
O casal no metro estava levando um carrinho de bebê que provavelmente ganhara usado de alguém, mas a alegria deles era perceptível e eles olhavam para o carrinho velhinho como se ele fosse um carrinho novo.
Por diversas vezes passei pela mesma situação, quando ganhava uma roupinha usada era como se fosse uma roupinha nova comprada nas melhores lojas. A alegria não estava na roupa, mas na imagem que eu criava de que o meu filhinho usaria aquela roupa e aquele bebezinho era a solução pra todas as minhas incertezas e dores...
A verdade é que as dores e as incertezas não passam com o nascimento do filho,mas a esperança vai crescendo a medida que eles vão crescendo e se tornando pessoas maravilhosas como meus filhos se tornaram.
Com o nascimento dos nossos filhos cresce a esperança de um futuro melhor. Nasce com eles a responsabilidade de lutar pelo bem estar deles e consequentemente pelo nosso próprio bem estar.
A vida está sempre me pregando peças e dando rasteiras, mas ao olhar para meus filhos me fortaleço e vivo novamente aquele momento que vi no metro...momento de fragilidade e força caminhando lado a lado.